sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Entrevista de Bob Downey na Contigo!


Eu encontrei, no site da revista Contigo! uma entrevista feita com Downey há mais de ano, na época do lançamento do filme O Solista...
A entrevista é bem bacana, fala do personagem, seu talento como ator e dos problemas com as drogas.

Fonte e direitos todos do site Contigo!:
http://www.contigo.abril.com.br/noticias/entrevistas/robert-downey-jr-o-solista-509857

"Quando Robert Downey Jr., 44 anos, foi chamado pelo diretor Joe Wright (Desejo e Reparação) para viver um colunista de jornal que precisa mergulhar numa área de Los Angeles dominada por dependentes químicos, ele sabia onde estava se metendo. Apesar de ser um dos astros mais valorizados da atualidade depois de Homem de Ferro, Robert já teve seus problemas com drogas nos anos 90 e, depois de diversas prisões por posse de substâncias ilegais, chegou a ficar encarcerado por quase um ano em 2000. Indicado ao Oscar por Chaplin (1992) e Trovão Tropical (2008), o ator agora vive uma fase ''limpa'', dedicado ao kung fu e à meditação, mas não se afasta de papéis que procurem esclarecer o público e ele mesmo sobre condições de desvio comportamental como este O Solista.

Parte dos extras do filme veio de uma área repleta por viciados, desabrigados e doentes mentais de Los Angeles. Como foi essa experiência?
Eles não eram atores profissionais, mas, sem exagero, na maioria das vezes a experiência foi muito melhor do que dividir o set com meus colegas sindicalizados (risos).

Jura?
Sim. É terrível porque um desses extras acabou de ser assassinado. Mas eles eram extremamente responsáveis. Podíamos sempre contar com eles. E creio que, se compararmos a realidade da vida deles com a função de ser extra em O Solista, não é tarefa difícil, né? Claro, havia um técnico para trabalhar com eles, que coordenava todo o processo de filmagem. E esse profissional não estava lá apenas para dizer a hora do almoço, se é que você me entende.

Conviver com os viciados foi uma experiência transformadora para você?
Em minha vida, estive em lugares muito mais perturbadores do que essa área de Los Angeles. Meu amigo Sam Slovick estava fazendo um documentário sobre aquela região na mesma época em que filmávamos e ele conhecia algumas pessoas daquela área. Eu logo descobri que também conhecia um terapeuta que trabalhava lá. Se você vive em Los Angeles por algum tempo e circula em meios relacionados à terapia, dependência química ou serviço social, você vai ter alguma relação com o local. Minha conexão com aquele lugar já existia, você estando lá diariamente ou não.

Alguém impactou em sua vida da mesma maneira que Nathaniel Ayers, personagem de Jamie Foxx, um músico esquizofrênico que vive na região?
Sim. Não posso revelar especificamente, mas quando as pessoas estão doentes da cabeça, digamos assim, elas precisam de alguém presente. Apenas presente. E você nunca sabe quando e como aquela pessoa que você está apoiando vai melhorar. Ou se vai melhorar. Mas estar lá é fundamental. E não quero me aprofundar mais na metáfora, tudo bem?

Claro! Você fez uma pesquisa grande para viver um jornalista?
Não. Simplesmente não tinha tempo, pois tudo aconteceu simultaneamente. Eu havia acabado de filmar de Homem de Ferro e estava começando Trovão Tropical. E saio daqui para uma reunião com a equipe de roteiro de Sherlock Holmes. Mas encarei o desafio com a maior seriedade do mundo. Sóbrio ou não, meu processo criativo sempre foi extrovertido, de sair e aprender com a vida e criar enquanto vivo normalmente. Nunca fui do tipo que mergulha profundamente nas entranhas do ser para encontrar o personagem. Para O Solista, passei a entrevistar todo mundo nas festas e jantares em que ia. Ali fui encontrando meu Steve Lopez.

E como foi a parceria com Jamie?
Foi engraçado. Ele me pedia para ficar nas filmagens para observar. Eu ficava só para não contrariar, né? (risos). E lá se passavam 16 horas (mais risos). É importante frisar que, nesse filme, não fomos nós mesmos, entende? Eu adorei fazer O Solista, mas foi como ir a um encontro e passar o tempo sentado do outro lado da mesa, porque é uma festa mais formal.

Você começou como um comediante. E hoje é considerado um dos atores mais completos de Hollywood.
Sabe o que aconteceu? Minha formação foi como ator de teatro em Nova York, e como eu não era alto, bonito ou maduro o suficiente para fazer os papéis românticos nas peças, me refugiava nos papéis cômicos. Meu lance era ser o amigo engraçadinho, sabe? Os anos de rejeição fazendo comédia me deram as ferramentas que uso hoje nos filmes. Ou, pelo menos, nos intervalos das filmagens, para animar o pessoal (risos).

Mas quando é que você percebeu que tinha um algo mais?
Quando eu tinha 17 anos, em Nova York, no distante ano de 1984, e entrei para a companhia de teatro Colonnade. Apresentávamos uma peça chamada Fraternity e percebi, durante a temporada, que eu era mais sério sobre meu ofício do que os outros atores. Eu chegava mais cedo, investia mais no meu personagem e estava sempre mais seguro e com uma capacidade de aproveitar mais a peça do que eles.

E ali você teve a certeza de que seria um ator hollywoodiano?
Não quero ficar falando do quão maravilhoso eu sou (risos)! Acho que não há nada mais próximo da definição de alta cultura do que o ato de escrever. Inclusive para o cinema. Muito mais do que atuar. Meu pai (Robert Downey, diretor e roteirista) costuma dizer que qualquer um pode ser um ator razoável, poucos podem dirigir com talento e ninguém de fato consegue escrever bem para o cinema (risos)."

DowneyKisses!

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